A EXISTÊNCIA É POSSÍVEL
SÓ QUANDO DESAFIA A MORTE
Nada de novo
A porta entreaberta
O gelo das sombras
Que ficam, ora não;
Espreitando as borboletas
Repousadas entre os juncos das
Folhagens que se agarram no úmido barranco.
Há crânios guardados na prateleira
Pena é não ousar
Dentro da sala fechada
Egoítas desfiam carretéis em silêncio
Com medo d’um ignoto
E pela manhã
Pedem lenços para enxugar
O suor amedrontado
Da possível sentença de morte
A existência é possível
Só quando desafia a morte!
Sidney do Carmo
terça-feira, 15 de janeiro de 2008
Itararé Topa qualquer parada
Não tendo podido, pela dialética kantista da “razão pura”, convencer um banqueiro desta praça a lhe fazer um empréstimo a longo prazo, rápido como o pensamento, o nosso querido “Barão” tira o casaco e entra em “clinch” imediatamente com o repulsivo argentário. A cena passa-se no subterrâneo do próprio estabelecimento de crédito, com a caixa forte à vista, o que empresta maior vigor e sensação à luta.
Antes de terminar o primeiro “round”, o banqueiro, sofrendo forte pressão na região do cólon transverso, pediu louça, declarando, em falsete, que estava disposto a entrar em qualquer acordo, terminando a luta, afinal, com honra para ambos os lados, como convém, aliás, acabar todos os embates entre cavalheiros.
Barão de Itararé
Aparício Torely (1895-1972), o Barão de Itaraé
Antes de terminar o primeiro “round”, o banqueiro, sofrendo forte pressão na região do cólon transverso, pediu louça, declarando, em falsete, que estava disposto a entrar em qualquer acordo, terminando a luta, afinal, com honra para ambos os lados, como convém, aliás, acabar todos os embates entre cavalheiros.
Barão de Itararé
Aparício Torely (1895-1972), o Barão de Itaraé
Prosa poética
Amigo
Estavam sentados lá, o homem e o cachorro, /
Sobre a pedra redonda na beira do rio. / O
homem pensava, o cachorro talvez. / Ficaram
lá os dois, o homem e o cachorro, / olhando
o rio correr. / As horas passando, tudo inundado
pelo tempo, / a vida desenrolando e os dois
ali, / o homem presente, o cachorro talvez. /
Sobre a pedra redonda, / olhando infeliz para
O fundo do rio, / o homem atento, o cachorro
Talvez. / permaneceram lá, o homem e o
Cachorro, / horas a fio movendo-se devagar. /
O homem tinha a alma inundada pelo tempo,
/ cachorro talvez.
Adriana Versiani
Adriana Versiani - Poeta e nutricionista. Nasceu em Ouro preto (MG) a 15 de janeiro de 1963. Graduada em Nutrição pela UFOP (Universidade Federal deOuro Preto) e reside em BH desde a década de 70 do século XX. Co-editora das edições Dazibao: Cartelas Literárias (1993), Suplemento Literário (1994). Integrou a antologia “Salto do Tigre”(1993). Integra o núcleo organizacional da coleção “Poesia Órbita” onde publicou o livro Dentro (1997) em parceria com o também poeta Camilo Lara. Circula com desenvoltura pela prosa poética, Seu novo “A Física dos Beatles” está no prelo. Contatos: driversiani@uol.com.br: (31) 3296-3857.
Assinar:
Postagens (Atom)