Texto de João Evangelista Rodrigues

Arte é trabalho
Meu canto não canta por si mesmo/
A vida é que nele canta/ E em si cantando nela se transforma

A arte é fruto da imaginação e da sensibilidade. Está presente no cotidiano de cada pessoa e se manifesta de infinitas maneiras e em diversos níveis. Possui, sobretudo um aspecto lúdico, num constante jogo de percepção e expressão. Artistas são todas as pessoas que não se contentam com a realidade imediata e, inquietas criam novas formas de ver e transformar o mundo.
Inventam mundos e objetos. A verdadeira arte brota de um ambiente cultural mais amplo e historicamente complexo. Não é simples processo de produção e reprodução da relação sociais, mas caminho crítico e renovador destas mesmas relações
Como atividade humana, por excelência, deve ser entendida e tratada como trabalho da inteligência, enriquecida pela intuição, pela razão e pelo talento individual. Artista é o que faz, inventa, cria e renova. O objeto de sua arte é produto social e nobre, tão nobre quanto o objeto produzido pelo operário, no calor da forja, no furor da fábrica, no interior de um escritório das mais sofisticadas organizações.
Não há como separar a arte das outras formas de produção humana. Neste sentido a obra de arte não é nem mais nem menos importante. O que a distingue de um simples objeto industrial, de uma camisa, de um carro ou de um microcomputador, é seu caráter desinteressado e seu desejo de provocar prazer e emoção provenientes, quem sabe, de sua dimensão intelectual e espiritual. A verdadeira arte tem suas raízes na vida concreta dos homens e por mais imaginativa e ficcional que pareça, estará sempre nos limites dos horizontes humanos.
"Feliz o artista que vive do fruto de sua arte e com ela alegra os corações e as mentes dos outros homens".
Sendo uma forma de trabalho, como qualquer outra, está sujeita às leis de mercado e deve merecer o respeito que todo trabalho merece. Da mesma forma o artista, o que faz, o que fabrica a obra de arte, deve ser tratado como um trabalhador e se sentirá mais digno e respeitado quanto mais puder viver do produto de seu trabalho. Feliz o artista que vive do fruto de sua arte e com ela alegra os corações e as mentes dos outros homens.
A arte não é boa ou má pelo que ensina, prega ou defende, mas pela forma como é executada, pela grandeza e beleza de sua linguagem, pela liberdade como é recebida e interpretada.
A arte é um dos aspectos mais ricos do patrimônio da humanidade. Confunde-se com a vida, com a prática cotidiana e concreta de cada cidadão. Todos podem criar alguma coisa, de alguma maneira.Mas o verdadeiro artista, este sim,é o que não se deixou domsticar; o que amadureceu e descobriu o mundo sem perder p frescor de sua infância.
Só pode criar quem não se conforma com o convencional, quem não tem medo de ser ridículo. Cria verdadeiramente quem propões novas formas de ver, de sentir, de interpretar e de interferir no mundo. Isto é que dá nobreza e sentindo ao trabalho do homem, de todos e de cada homem, onde vivem e atuam.

João Evangelista Rodrigues
Jornalista. Filósofo e Poeta